Realmente amamos falar sobre energia renovável, sobre equipamentos, infraestrutura e toda engenharia utilizada nesse seguimento, sabemos que a utilização de forma inteligente da geração de energia renovável poderá nos ajudar e muito no tocante ao meio ambiente, mas se torna um problema quando um ativismo exagerado entra nessa área e tentar sufocar o conhecimento dos engenheiros e de toda uma equipe técnica, isso pode impactar seriamente na sociedade, é que está acontecendo nesse momento com a Alemanha.
Vamos fazer um comparativo bem simples, imagine que você deseja emagrecer, no lugar de você procurar seguir o que um nutricionista experiente fala, você vai se basear nas informações de pessoas que não estudaram sobre assunto ou que nunca fizeram uma dieta correta, ou seja, a chance de você ter sérios problemas é real. Durante muito tempo os ativistas pressionaram o governo da Alemanha, muitos com boas intenções, já outros até cabe uma investigação, para saber quais eram as reais ideias por trás de colapsar o sistema de geração de energia de um país.
Nesse problema quem sofrerá mais é a população pobre, os resultados negativos virão em dois caminhos sequenciais, fechamento de fábricas acarretando perda de empregos e por outro lado uma das conta de energia mais cara da Europa, isso mesmo, estamos falando de uma das fatura de energia elétrica mais cara da Europa, segundo CABLE e uma inflação anual de 8,5% segundo o jornal Reuters. Esse é o cenário que se configurou na maior economia da Europa.
Os preços aos consumidores de energia já subiram mais de 35%, quando comparado ao ano anterior conforme matéria publicada, no dia 28 de julho de 2022 pelo New York Times, nos últimos dois anos, uma crise sanitária global fez várias pessoas ao redor do mundo se confinarem em suas residências, governos de vários países imprimiram dinheiro para auxiliar sua população durante esse momento delicado, isso já era um terreno fértil para uma inflação futura, mas calma, agora coloque um ingrediente novo nesse problema, uma guerra entre Rússia e Ucrânia.
Afinal o que uma guerra entre Rússia e Ucrânia impacta na Alemanha? Primeiramente um impacto não será somente na Alemanha, mas em toda cadeia de suprimento global, porém na Alemanha o problema foi pior, devido a sua política ambiental de mudar da noite para o dia sua matriz energética, seria mais o menos como você querer ser fluente em um novo idioma em apenas uma semana, ironicamente falando, então o governo teve uma ideia de fechar seu parque de geração nuclear e outras matrizes de geração de energia.
O fechamento de usinas nucleares feita pelo governo, gerou escassez e agora precisaria suprir sua demanda por energia, então começaram a importar gás da Rússia, dessa forma gerou uma dependência do gás Russo para manter sua demanda, justamente nesse momento em que existe uma guerra na Rússia, e a Alemanha não concorda com o seu fornecedor de gás e aplicou sanções contra o seu fornecedor.
Vendo esse cenário caótico que se instalou, foi necessário agir rápido e ter que mudar de estratégia com urgência, então a porta-voz do governo Christiane Hoffmann lançou um projeto de lei para tentar modificar a matriz de geração, criando uma reserva de substituição de gás por um período limitado, segundo o projeto até 31 de março de 2024 o objetivo é substituir ao máximo a produção de eletricidade a partir de outras fontes de energia poluentes.
Um problema das fontes solares e eólicas é a inconstância na geração que impossibilita de ser a única matriz energética em uma nação desenvolvida e industrializada. Precisa-se de 100% de backup pois estão relacionadas com fatores climáticos, já as hidroelétricas precisam analisarmos os níveis dos reservatórios para nos mantermos fornecendo energia de forma segura, segundo ABEN (Agência Brasileira de Energia Nuclear) em 2019 a energia eólica na Alemanha em um dia gerou 59% do sistema, mas no outro dia gerou apenas 2,6% e essa flutuação impossibilita um fornecimento seguro.
Visualizando essa realidade e buscando uma alternativa melhor, sobre como resolveria esse problema, uma alternativa seria investir em fontes renováveis, mas nunca removendo outras fontes importantes que protegem o sistema de geração, mantendo assim uma oferta maior e em momentos de crise podendo optar por outras fontes. O Brasil por exemplo, segundo o EPE possui 83% de energia gerada a partir de fontes renováveis, comparado com o resto do mundo que possui apenas 27% de energia gerada por essas matrizes.
No Brasil nos últimos anos nós utilizamos um sistema bastante interessante, primeiramente boa parte da nossa matriz elétrica é oriunda de centrais hidroelétricas, então o sistema SIN (Sistema Interligado Nacional), operado pela ONS (Operador Nacional do Sistema), consegue fazer um controle na geração de energia, em dias que as fontes eólica e solar estão com excelente desempenho, nós inserimos essa fonte no sistema, consequentemente poupamos nossa geração hidroelétrica e outras fontes.
O tema é bastante interessante e serve como um exemplo para outros países, analisarem com cautela essa transição por novas fontes energia, com isso preservando empregos e consequentemente o desenvolvimento do país, mantendo-se em constante estudo para inserir novas fontes de geração que causem menos impacto ambiental, porém preservando como retaguarda fontes não renováveis.